
Enquanto
escrevo estas linhas, estou sentado ao lado de meu pai em um leito de
hospital, ele fez uma cirurgia chamada vasectomia total, para
retirada de um câncer no estomago, a cirurgia foi um sucesso, mas
após vinte dias houve hemorragia, por isso estamos aqui, pois os
médicos estão buscando a causa deste sangramento.
Durante
os dias que estou neste hospital, pude observar um pouco mais o
comportamento humano, vendo ângulos que em outras ocasiões não me
chamavam a atenção, talvez pela correria do nosso dia a dia.
Conheci casos distintos, pessoas distintas, cada um com sua história,
cada caso com sua particularidade, entretanto, hoje a esposa de um
paciente buscou minha ajuda para auxiliar-los no banho de seu marido,
ele está tetraplégico após um acidente de moto, o quadro é
favorável, deverá voltar com seus movimentos depois de um período
de tratamento, todavia o fato me fez meditar em nosso comportamento
social, nós como seres humanos, lutamos por nosso individualismo,
por sermos donos de nossa independência, mas sempre, de uma forma ou
outra, criamos estrategias para ocasiões como estas. Embora o
capitalismo social nos obrigue a busca individual tentando sempre
superar nosso companheiro para sermos o melhor, pois só os melhores
se destacam e são valorizados, em dados momentos nos voltamos às
nossas origens e nos tornamos o que realmente somos, um grupo social,
indivíduos que abandonam seu individualismo para ajudar o próximo,
seja um amigo parente ou até mesmo um desconhecido, deixamos o nosso
egoismo de lado para levar auxilio a alguém.
Seres
sociais, essa é a nossa essência, embora o mundo tente nos separar,
nos modificar, levando cada vez mais, as pessoas a viverem só em
apartamentos ou casas, isolados, distantes, sem contato com seu
vizinho ou até mesmos parentes, as vezes sem sabermos quem mora na
casa ao lado, entretanto, em determinados momentos somos chamados ao
nosso verdadeiro ser e dedicamos um tempo para alguém que não seja
nós mesmos. Isso foi o que pude perceber nestes dias aqui, e não só
o fato de ajudarmos diretamente, mas também a preocupação coletiva
de saber que devemos criar mecanismos para amparar o ser humano em
situações onde não haja alguém para ampara-lo, como é o caso de
instituições como asilos, abrigos para sem teto, orfanatos e até
mesmo os hospitais, pois o instinto social que existe dentro de nós,
nos faz criar instrumentos que auxiliem o indivíduo quando este não
tem a mão estendida de alguém próximo.
Isso me alegrou, saber que embora o inimigo tente nos separar para assim
sermos fracos, nosso ser instintivamente nos uni pela essência
valorosa da criação divina.
Rio
Branco, AC - 15 de outubro de 2012 (Fundação Hospitalar, leito 123)
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