quarta-feira, 13 de julho de 2011

FILHO PRÓDIGO - RECONTAGEM.


Um homem muito rico tinha um filho, este filho em determinada época decide que sua vida na casa do pai não era exatamente o que ele gostaria que fosse, eram muitas regras, muitas coisas que ele não concordava. Então imaginou, “se eu tivesse uma pequena parte da fortuna de meu pai poderia seguir com minha independência, nada destas regras bobas do meu pai, teria minha liberdade.” Com este pensamento o jovem chega ao seu pai e diz: “Pai, dá-me a minha parte da herança, vou seguir o meu caminho e ter a minha liberdade.” Assim fez o pai daquele jovem, mesmo com o coração partido ele adiantou a parte da herança que cabia aquele jovem e deixou-o seguir seu caminho.
Aquele jovem agora tinha dinheiro, e a tão sonhada liberdade, foi para a capital e começou a montar o seu próprio negócio ao mesmo tempo que curtia tudo que a noite de uma grande cidade poderia oferecer, novos amigos, novas namoradas, a cada semana uma diferente, a cada dia um local diferente, uma vida que sempre sonhou. Mas ele era um jovem responsável seu pai lhe ensino que deveria criar estrategias para que o seu dinheiro não acabasse com gastos supérfluos. Investiu em ações, comprou grandes carros, as ações desvalorizaram, os caros, um capotou em uma curva de alta velocidade, outro bateu no acostamento danificando todo o seu funcionamento, alguns foram roubados ou emprestados para nunca mais serem devolvidos, mas ele era rico, não se importava com coisas pequenas. Investiu em uma loja, comprou uma moto 1100 cilindradas. A loja fechou por estar mal situada, a moto acabou debaixo de um carro após um noite de farra e bebedeira, por sorte ele foi jogado da moto antes do impacto.
Foram uma sequência de investimentos mal sucedidos, não entendia, parecia fazer tudo certo mas sempre acabava falindo. Mal sabia ele que sua impulsividade o levava a realizar um empreendimento sem conhecer a fundo sobre o negócio, ao tempo que também, sua mente estava mesmo era preocupada em ter a sua famosa liberdade, onde fazia o que queria, e a noite era uma criança e o dia pequeno para dormir e trabalhar nos seus negócios.
Certo dia pegou um taxi para mais uma noite de curtição, afinal tinha aprendido a lição, não tinha mais carro nem moto, era perigoso dirigir após uma noite de festa, mas ao procurar na carteira percebeu que estava sem dinheiro, foi ao caixa eletrônico mais próximo, não entendeu a mensagem que dizia saldo insuficiente, tentou um valor menor, mesma mensagem, verificou o saldo, R$ 4,00. Neste momento lembrou que ainda não tinha pago o aluguel de seu sobrado e o taxista ali do lado esperando. Ficou imóvel, não tinha mais nada apenas muitas dívidas. Sua última empresa ele já tinha vendido e não se tocou em investir logo o dinheiro arrecadado.
Perdido em seus pensamentos parado em uma esquina com pouca luz em frente aquele caixa, não percebeu a aproximação de alguém que ao estar a menos de um passo em suas costas, o atingiu na cabeça, sentiu apenas o impacto e perdeu a consciência. Acordou horas depois, deitado na sarjeta apenas com as roupas íntimas e uma forte dor de cabeça, havia sido roubado, pensou em ir a uma delegacia, pensou em procurar um amigo, não, não passaria por esta humilhação, só tinha algo a fazer, entrou na primeira casa e furtou as roupas que estavam ao seu alcance, pegou uma carona para o interior em direção a sua cidade, não tinha mais coragem de encarar seu meio social depois da falência absoluta, também não tinha coragem de voltar para casa, procurou trabalho em algumas fazendas, não encontrou. Já a dois dias sem comer, chegou em uma casa e resolveu se esconder próximo para furtar o que comer, inútil, muitos peões em volta, e ele sabia a brutalidade de um peão se lhe pegasse roubando algo. Decidiu então ir ao chiqueiro dos porcos, talvez tivesse algo que pudesse ser comido por la, mas encontrou apenas ração, neste momento resolveu engolir o seu orgulho e voltar para a casa do seu pai. Talvez seria melhor ser um empregado de seu pai que um mendigo. Estava decidido levantou-se com firmeza e saiu de dentro do chiqueiro para caminhar em direção a sua casa, mas foi surpreendido com um grito que dizia: LADRÃO, LADRÃO!!!!!!! Assustado, tentou correr, entretanto, ouviu um estrondo ensurdecedor ao mesmo tempo que sentia o seu peito sendo queimado pelo chumbo rasgando a sua carne, sua vida passou em sua mente como em um filme, seu último pensamento foi o arrependimento de não ter tomado a decisão de voltar pra casa mais cedo ou mesmo de nunca ter saído de casa. Envolto aos seus pensamentos foi sentindo o seu corpo enfraquecer e a sua consciência se perder, até estar completamente estirado no chão. Estava ali, um jovem caído, as pessoas circulando em volta de seu corpo, e as vozes em volta diziam: “É ladrão, teve o que merecia”, “Mais parece um mendigo”, “Tão jovem nessa vida”... e assim as vozes ecoavam enquanto aquela alma se perdia.
A noticia espalhou-se, “Um ladrão foi pego na casa do seu José, a família não foi encontrada.” A prefeitura anunciou: “Não temos mais espaço para enterrar indigentes, queimem o corpo e joguem as cinzas no aterro sanitário.” “Isso mesmo” diziam todos, “Pra que perder tempo e dinheiro com um ladrão”. E assim se fez. Nunca mais se teve notícia daquele homem. O pai busca seu filho até os dias de hoje, o banco busca o jovem empresário para tentar sanar o prejuízo deixado pelo mesmo, na fazenda do seu José segue na memória dos seus moradores o dia em que um jovem mendigo ladrão foi morto em atitudes suspeitas...
Mas o jovem, filho de um homem rico, nunca pode dizer ao pai que estava arrependido, e queria lhe pedir perdão...

Por Roberto Nunes dos Santos